quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um, dois, três...

... e já!
não?

as palavras iniciais pra essa atitude: crente do cú quente!

e por aí vão os pensamentos soltos de uma frase ridícula de uma infância por demais vivida de um jeito descontraído. Mas qual o objetivo dessas palavras perdidas no tempo? reflexão, autopiedade e saudosismo? não, apenas uma vontade de dizer virtualmente para o ninguém oculto que a vida passou e que os crentes dos cús quentes não são mais uma realidade distante. Eles estão por toda parte, inclusive nos arredores de cilindros viciados e fumegantes. Eu bem que tento escrever algo útil e sério, mas eu não agüento o cotidiano que nos cerca, entupido de hipocrisia e descaração. Estamos agora em início das festividades de inverno do país mais quente da américa latina. Forró!, esse é o ritmo. Pros interioranos, o mais mela-cueca de todos. Nem arrocha bate esse fervor nordestino que se perdeu entre trumpetes e baterias eletrônicas, enquanto há um detrimento do bom e velho zabumba no chão batido de terra vermelha. Alguém por acaso já viu o funcionário mais importante desses arraiás? Ele fica com um balde de água numa bacia de plástico, geralmente azul e redonda, e, com a mão em concha, joga água atrás do casal mais fuzuento e dançarino, que levanta aquela poeira retada de vermelha e rinitente. Ele se tornou uma lenda viva na memória dos que gostam do mais mela-cueca de todos os ritmos.

Pra não dizer que não falei das muambas da minha infância, eu tive um cachorrinho que latia, sentava, ficava de pé, sentava de novo e depois dava um mortal de costas. Outra coisa importante foi a coleção da boneca Barbie. Percebi ali, durante meus 6 ou 7 anos, que minha mãe só tinha me dado 1 Ken para todas elas. Porque só havia um Ken para todas as versões loira, ruiva e daquela com cabelo arrepiado por possuir uma ferrari conversível. Isso ficou incrustado em minha cabeça anos a fio, até perceber que a sociedade é machista e influente de fato. Desconstrui isso, graças às tardes de cerveja no boteco de São Lázaro. E também devo essa empreitada de demolição do aprendizado burguês com as bonecas de infância às brigas que tive com minha avó. Ela foi, sem dúvida, uma pessoa muito importante e que me mostrou a utilidade do fogão, pia e caminho para o supermercado enquanto meu irmão dormia até meio-dia do dia. Minha história é bem mais drástica do que a dos meninos coreanos que trabalham mais que uma jornada de puro trabalho escravo diário. Por isso ela está aqui neste blog, onde, através desta WordWideWeb, pode ser lida pelos virtualmente presentes em lugar nenhum.

Uma consideração final a ser feita, é sobre a frase inicial deste blog. "Os crente do cú quente". Minha amiga disse que meu primo tem cara de crente. É, definitivamente, quem vê cara, não vê o que temos no meio das nádegas.

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