quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Levitar dos colibris.

É tempo, é cedo, tarde e noite intensos.
Apressa o passo, represo os olhos, entrego o corpo e faço.
Trabalho, corro, examino, escrevo e cravo.
Vou longe, perto, converso e desabafo.
A pele aperta, a contenção navega no pesar amparado.
Não é medo mais, é vontade explícita.
É sede de água límpida,
é presunção aberta,
é ferida exposta e
vontade de curá-la;
Não há medo. Não há enseada ou baía,
porquanto grande o espírito vazou
na terra sem fim que o ancorava:
o espírito sumiu-se e assumiu o erro de crescer-se tonto.
É tempo, é cedo, é tarde infinita.
Faço, trabalho, acordo em mim.
Não é medo mais, é alguma coisa,
que em altura dessas,
vive já sem parar de querer não ser-te.

"... Se carece de definição, me sinto leve.
Céu azul na bolha de sabão,
que o vento rege, como folha ao coração.
Ao te refletir, o espelho em si
vira quadro ou vira arte,
Salvador Dali não ousou jamais imaginar-te".
- Leve, música de Jorge Vercilo. -

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

(Re)inventar.

Meus pés trilham a estrada que corro.
Solto-me pelo ar, vendo o horizonte intenso,
denso como minha pele negra,
como meus olhos coloridos
e cheios de esperança por tudo que virá.
Essa é a vida que construo a cada dia,
de tijolo em tijolo e argamassa quartzolit.
Não a quero muito sólida pois,
se em algum tempo, ela ficar pequena demais,
quero edificá-la e edificar-me outra,
maior e do jeito que me caiba em outra época.
É assim que espero viver, pelo que me vejo viva ainda
em espaço e tempo infinitos: nunca morrer-me,
sempre crescer-me, mudar-me para caber-me inteira
em chão, casa, terra, ar e coração.

"How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"

Wish you were here, Pink Floyd.