sábado, 22 de novembro de 2008

Nostalgia

Ah, um dia tiro meus anéis. Um dia só fico descalço,
ponho minhas patacas de 7 nós e tomo aquele banho de rio doce na veia.
Na verdade, eu queria mesmo era ter de volta os meus 16 anos.
Queria o tempo que passou nessa cabeça que estou vivo.
Agora eu tenho um mouse e um teclado fosco,
perdidos dentro da minha caneta de marfim.
Vida não é isso. Esperei um tanto achá-la em algum rabisco
que agora eu não sei me perder em tantos rascunhos.
Queria saber me perder... Pôr meus chinelos de amálgama,
dar um pulo da última pedra do riacho largo que imagino agora.
Meus chinelos... São ríspidos hoje, mas queria-os todo branco.
Meus 16 anos não voltarão mais. Nem minha cabeça que estou vivo hoje.
Espero encontrar os meus chinelos em algum leito de rio doce,
onde estarei daqui pra mais adiante.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Presente pra Ana

É pequenininho, bem miudinho mesmo. Um monte de ós, és e til misturados em um bando de consoantes separadas por espaços e parágrafos. É um texto, ou pelo menos quer sê-lo. É uma autoexplicação sem licença. Nada de mais, só para dar-te embrulhadinho num envelope virtual de email, por ser 'inorkutável'. É pra dizer alguma coisa que nem ele mesmo sabe o quê. Quer dizer, mesmo gaguejado, ele pretende começar uma hora. Ou uma hora de um dia qualquer. É pequeno, já disse, mas quer ser dado, ser dardo, mesmo com inveja da flecha. É uma tentativa de levar-te bons fluidos, bons ares, bons cheiros e tilintares ao ouvido; é um mix de sorvete da cubana com a batata frita feita na manteiga da minha avó: bem baiano mesmo; é um sorriso virtual, pra você ler nesse texto como se fosse a tela do filme matrix; é um abraço forte, apertado, sincero e bem-vindo, providencial nos dias de saudade; é aquela conversa sobre o cd novo de zeca baleiro, sobre o livro de putaria de joão ubaldo, uma viagem fubenga de reveillón, os perrengues do carnaval e o 'buraco' na casa dos outros. Ele quer ser o riso bobo de besteiras proferidas enquanto silvinha serve aquela antarctica gelada de dois reais. Ele quer ser aquela empolgação que leva a gente pra um monte de lugares diferentes, em bairros diferentes, à procura de movimento, badalação e cerveja gelada nas noites de fim-de-semana. Ele também é pra dizer que saudade é aquilo que fica daquilo que não ficou. E deixou aqui um tanto, levou um pouco, troca-se virtualmente a cada dia algum outro tanto.

Esse é meu presente para Ana. Pode até ser que algum dinheiro do mundo e tortura pudessem comprar e arrancar mais bonito, com a escritura manunscrita de algum Saramago. Mas, o que importa pra ele é a vontade dele de ser tudo isso que ele te deseja.


Feliz Aniversário.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

...em paz eu digo que eu sou o antigo do que vai adiante...

Eu preciso desabafar de alguma forma. Na verdade, eu queria muito te dizer isso tudo ao invés de escrever em um lugar vazio como este, num email que eu mandarei para mim mesma, pelo medo de fazer alguém do mundo sofrer com tudo isso que eu sinto. Certo dia, ao caminhar pelas largas ruas e curtas calçadas de salvador, percebi o quanto te quero muito. Não sei, pensar em você me trouxe uma paz incontrolável, dessas que a gente gostaria de viver e morrer por muito tempo. Pensei em como estaríamos bem juntos, em como começaríamos a namorar, no primeiro beijo, se louco ou apaixonado, ou amoroso e lento, com as bocas entrelaçadas consumidas em diversos átimos de desejo, ou se comidas pela língua lânguida e apressada. Eu pensei em tudo... pensei em você, na sua pele morena, nos seus olhos loucos de amor, no seu jeito de me olhar, que mesmo sem amor ou sem loucura, eu adoro um tanto.
Eu pensei em como seria bom morar com você, em acordar contigo todos os dias e ouvir e dizer "eu te amo" pra tomar aquele banho gelado nos dias de verão. Eu fiquei pensando na possibilidade de te fazer feliz. Não pensei em mim como a pessoa mais certa pra te fazer feliz, mas como uma pessoa com a vontade mais imensa de ver em você a felicidade concretizada em atos, beijos, carinhos. Eu pensei em ligar pra você! Ah, como eu pensei e penso! a vontade é tanta que eu não fiz. Porque eu sabia que faria você sofrer um tanto, mais que antes e que agora. Pior é que eu estou desesperadamente apaixonada, desesperadamente por você.


(bateu aquela vontade de não escrever nada mais...)




22 de junho de 2008. Ouvindo Alanis Morissette, Thank U.

"How 'bout me not blaming you for everything?
How 'bout me enjoying in a moment for once?
How 'bout how good it feels to finally forgive you?
How 'bout grieving it all one at a time?
(...)
How 'bout no longer being masochistic?
How 'bout remembering your divinity?
How 'bout unabashedly bawling your eyes out?
How 'bout not equating death with stopping?

Thank you, India, Thank you, providence
Thank you, disillusionment
Thank you, nothingness, Thank you, clarity
Thank you, thank you, silence".