terça-feira, 30 de março de 2010

Vontade.

Muro! é simplesmente um muro, coração,
que faz-me atar os beiços diante do ineroxável
modo de viver uma doce e singela manhã de sol.
Vejo os tijolos a corroer-me, sangrando mãos e fé,
atordoados olhos e dedos tristes,
sem unhas para atirar-me ao outro espaço,
defronte e invisível, diante e infalível,
externo e tão intensamente dentro da minha alma.
Não quero saber o que virá por detrás do desconhecido:
quero-me indo através dele, impávido, rápido, com medo
e sem piedade dos pés sobre os espinhos.
Quero viver, coração! não importando o quão vistam-me
de ilusão nesta selva imaginária de segredos e guerras;
sem perceber o jorro amargo dos dias que passarão,
da doçura do mel que beberei instantaneamente por
algum mísero minuto num apiário visível e inacreditável.
Quero ir-me, somente. Quero adentrar tudo,
com facão e foice afiados,
para qualquer lida, qualquer ida ou volta,
para qualquer troco ou estrupício.
Quero... .