quinta-feira, 26 de junho de 2008

Eu não aguento mais...

1) A ressaca
Primeiro falemos de uma coisa muito perigosa: a ressaca. Certamente ela foi trazida no século XVI com Cabral e as santa maria, pinta e nina. Porque a minha teoria é de que ela, a ressaca, grande entidade etérea e defesa sobrenatural do corpo contra o suicídio alcoólico, foi inventada, assim como este país de onde vos falo. Inventaram a ressaca como medida de ação limitante e coercitiva, quando (sabemos disso há muitos anos, desde o antigo Egito) o poder que o álcool pode exercer sobre um indivíduo se torna implacável e quase incontrolável. Não estamos aqui falando de acidentes automobilísticos, cornos indevidamente premeditados ou ocasionalmente acontecidos. Falamos de perder aquela barreira prontamente ativa que, segundo Freud, é construída necessariamente para a vida em comunidade: o superego. Ao perdê-lo, deixamos fluir as coisas mais inúteis, frustrantes e/ou alucinadas que pensamos e, na maioria das vezes, nem pensamos ou sabemos que existem. Então, a ressaca, neste sentido, é um fator importante no processo 'conviver em harmonia'. Mas, na maior parte do tempo, esse viver é estupidamente cansativo. E este empecilho limitante para a ingestão de maiores quantidades de álcool é, simplesmente, um absurdo e sem sentido. Eu penso que o corpo, assim como na construção do superego, poderia ter inventado outra defesa do tipo não-castigatória e estupidamente ineficaz para muitos. A ressaca, vejo aqui de lunetas, é um castigo divino, trazido pelos portugueses ao colonizar o Brasil. Então, culpemos também o catolicismo, oras! Assim como quem o trouxe para cá. Tão vendo? tudo culpa das caravelas! Maldita seja a escola de sagres.

2) Sucessos musicais
No vai e vem dos sucessos musicais, eu não aguento mais essas festividades juninas, cujas milhares de bandas em revezamento nos palcos de um mesmo perímetro, tocam o mesmo repertório. Os sucessos 'chupa que é de uva' e 'senta que é de menta' são garantidos até para as bandinhas de início recente e trios forrozeiros autointitulados pés-de-serra.
"Vem meu cajuzinho, Te dou muito carinho, Me dá seu coração, Me dá seu coração (...), Na sua boca eu viro fruta, Chupa que é de uva, Chupa, chupa, Chupa que é de uva".
É muita fruta pra chegar até uma uva, né? pensei nisso também. O caju e o morango, apesar de mais 'raros' e caros, perde de longe pra uva. Ouvi outro dia um outro tipo de 'chupe', só que este tinha a justificativa um pouco artificial: a coisa era de tuti-fruti. Minha amiga, a crítica literária, lançou uma ótima: lambe que é de inhame. E esta, caros amigos virtuais e fantasmagóricos, deveria ser o mote e preferência nordestinas, pois, este tubérculo de grande porte energético e histórica utilização medicinal, é um dos alimentos mais consumidos por essas bandas perto da linha do equador. Paciência, novamente os tuti-frutis e parreirais consumiram e aculturaram a grande massa nordestina. Outra peste de música que povoa esses forrós modernos é a paródia melodramática das músicas americanas. Meu deus, quanta disponibilidade dispensada para fazer muita merda. Realmente, isso corresponde a um grande assalto à boa música popular brasileira.
"Se não valorizar, com certeza cê vai me perder, embora eu te ame sim, eu juro não vou suportar (...), 
Amo, amo você ê, mas se não valorizar vai me perder ê ê ê ê...
Believe in that? This a Rihanna music!!! Oh, god, please! No comments.
Parafraseando Mao Tsé-Tung: lá viu?, lá deixe!

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