Dois. Duas. Acho que todo mundo queria ter dois de tudo: duas músicas, dois nomes, duas vidas; dois bifes robustos, duas garrafas térmicas, duas técnicas para qualquer feitura de coisa útil. Dois: é um par em número e diversão. É um conjunto não-unitário e que denota uma esperança. É divisível por um e por ele mesmo, um número primo e par. E um número ímpar por isso. O único que é dois em um ao mesmo tempo. É um "bom encontro", é uma passarela de quadros e artes impossíveis de disjunção. É um beta-bloqueador simpático, amorfo, distonia perfecta em um. É o teclado de letras mil e um só pensamento para uma palavra. É uma tecla para o infinito. Quereria eu um dois. Ou duas. Duas vezes mil, duas vezes o ser humano, duas vezes a humanidade e todas as galáxias. Dois por um é dois. Dois por dois, um. É sempre assim quando se quer dois: caímos num jogo de um em dois para o sempre se eternizar perfeito. Dois, um. Um e mais. Duas pernas, dois braços, dois olhos e um coração. O ideal. E sem divisórias, pois o que se une e divide, não arma, não anda, não vinga: rasteja enfraquecido. O dois tem de ser inteiro, número inteiro, racionalmente inteiro e real. Um logarítmo de lógicas sensíveis, primo, par, indivisivelmente indivisível por ser um só, sem metade, sem carne lacerada, sem coração partido e sem mágoa. Sem que os cem fiquem sós. Ou virem sóis.
...
"E nós que nem sabemos quanto nos queremos
Que nem sabemos tudo que queremos
Como é difícil o desejo de amar
Você que nem me soube quanto eu quis
Que não coube, não me viu raiz
Nascendo, crescendo nos terrenos seus
Eu da janela olhando a lua, perguntando a lua -Onde você foi amar?
E nós que nem soubemos nos querer de vez
Estamos sós, laçados em dois nós
Um que é meu beijo o outro é o lábio seu
Não sei sair cantando sem contar você
Que eu sei cantar, mas conto com você
Que eu vou seguir, mas vou seguir você
Queria que assim sabendo se a gente se quer
Queria me rimar no seu colo mulher
Vencer a vida donde ela vier
Ganhar seu Chegar no chegar meu
Dar de mim o homem que é seu".
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(Tadeu Franco - letra: Celso Adolfo)
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[e lembro das tardes de violão com a doce e linda voz de minha mãe ao fundo cantando rouca e límpida essa que é uma das canções mais bonitas que existe... "estamos sós laçados em dois nós, um que é meu beijo o outro o lábio seu..."] .
4 comentários:
Se eu ler mais três vezes, posso roubar pra mim? :)
Claro, nega. Todo seu!
=]
Coisa linda de Deus!
:)
Acontece que eu não bebo café =/
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