domingo, 4 de janeiro de 2009

Pitoresco

Pitoresco. Essa é a palavra para o meu início de ano ímpar. Foi um momento de estar com a família, tudo muito lindo e certo e tudo mais, fechando com chave de ouro o ano num show de arrocha, com uma banda engraçada, composta por três dançarinas, uma loira, duas morenas, todas com um shortinho malhação e tops coloridos, um cantor muito figura, que estava a cantar e bailar com uma das dançarinas no momento da música "não vale mais chorar por ele..". E isso tudo em pleno interior da Bahia, num clube metido num pé-de-serra, cheio de pessoas vestidas numa chiqueza que saltava às vistas. Eu nunca me vesti muito assim chique depois de ter conhecido os reveillóns praianos do litoral norte e salvador. De fato, usar uma havaiana cheia de bordados de pedrinhas é bem mais interessante do que estar num salto 15 ou scarpan com o tornozelo todo dolorido. Bem, após essa virada com a família, churrasco e um monte de cerveja, nesse clube amanhecemos o dia. Vi o sol raiando assim meio tímido em meio às nuvens cúmulo-nimbo, mas que davam um tom especial para a primeira manhã de 2009. Saímos ao som de "abre, abre, abre, abre, abre... ô, ô, ô...", e com o cantor se despedindo, clamando a presença do público em outra festa de um outro dia que viria ocorrer. E com mais arrocha, óbvio. O nome da presença: Edimilson Batista, outra figura ilustríssima, com um visual que só vendo mesmo. Indescritível. Uma coisa de outro mundo. E com aquela voz fanhosa de sempre dos cantores de arrocha. No dia que raiou bonito na primeira manhã desse ano ímpar, uma festa na praça local. Uma coisa especial nesse dia ocorreu: pela primeira vez, nesse primeiro dia ímpar, do ano também ímpar, percebi que novos ares e energias impermearão esse novo ano que começara. Senti um medo gostoso, de um sabor meio amargo-doce. E foi tão bom tê-lo, pois foi a certeza de que 2009 será o melhor ano dessa primeira década do século 21, então vivida com alguma pouca certa lucidez.

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