Me bateu de repente um cansaço. É uma sensação de que não há nada para se procurar ou achar nessa vastidão de caos e coisa comum. Eu nunca mereci achar nada, quer dizer, sempre acho o achível, o tão logo às vistas. E ainda me surpreendo. Não deveria, é certo, mas a esperança há sempre de ter um lugar nesse meu mundo instantâneo. É como um pacotinho de gelatina de morango, que precisa de água morna e fria para se fazer instantaneamente um gel rosado. E que pelo calor, vira líquido. Meio torto isso, é muita mudança para que o clima seja um simples modo de se variar as coisas. Pior disso tudo é que não dá para não ser assim, achista de coisa alguma, um saber dourado sobre as coisas e caos do mundo. Para tudo se tem uma idéia, para nada se tem um pensamento calado e os olhos distantes em algum canto da sala. Desisti de procurar ou achar algo. É cansaço mesmo, Álvaro Ricardo Alberto Fernando. É um cansaço dorido de cór e salteado que a língua traduz em cãimbras e silêncio.
"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo. Confesso: é cansaço!... "
(Álvaro de Campos)
"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo. Confesso: é cansaço!... "
(Álvaro de Campos)
2 comentários:
Meu Deus, fiquei "cansado" com tanto "cansaço"...rsrs
Adorei, Say!! Nem sabia que vc tinha um blog...q absurdo!!
Os textos refletem muito do momento vivido: apenas CANSAÇO!!!
Bjo grande
esse seu cansaço janeiro, chegou pra mim, felizmente, apenas no fim deste ano maravilhoso que vivi...
muchas gracias às minhas viagens, que recomendo fortemente (grau 1A de evidência)!!!
viva 2009! ano telescópico pra mim!!!
que 2010 seja assim pra todos nós!
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