terça-feira, 30 de março de 2010

Vontade.

Muro! é simplesmente um muro, coração,
que faz-me atar os beiços diante do ineroxável
modo de viver uma doce e singela manhã de sol.
Vejo os tijolos a corroer-me, sangrando mãos e fé,
atordoados olhos e dedos tristes,
sem unhas para atirar-me ao outro espaço,
defronte e invisível, diante e infalível,
externo e tão intensamente dentro da minha alma.
Não quero saber o que virá por detrás do desconhecido:
quero-me indo através dele, impávido, rápido, com medo
e sem piedade dos pés sobre os espinhos.
Quero viver, coração! não importando o quão vistam-me
de ilusão nesta selva imaginária de segredos e guerras;
sem perceber o jorro amargo dos dias que passarão,
da doçura do mel que beberei instantaneamente por
algum mísero minuto num apiário visível e inacreditável.
Quero ir-me, somente. Quero adentrar tudo,
com facão e foice afiados,
para qualquer lida, qualquer ida ou volta,
para qualquer troco ou estrupício.
Quero... .

3 comentários:

Unknown disse...

"Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Que as coisas que existem, não o tempo que as mede...
Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
....
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma". (Fernando Pessoa)

"Quero ir-me, somente. Quero adentrar tudo,
com facão e foice afiados,
para qualquer lida, qualquer ida ou volta,
para qualquer troco ou estrupício"

"Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo." Sartre

Pedaço de Rio, São Francisco no chão... disse...

uau! obrigada pela visita, elisa. Fique à vontade nesse meu espaço que é simples e muito contraditório e explosivo e calmo às vezes... hehehehehehe. Obrigada pelas boas e belas palavras.
Um cheiro.

Anônimo disse...

Olá, Sayô!

Gostei de suas invasões existenciais "através do medo e da coragem" ou somente atravessando muros rumos aos possíveis da alma.
No mais estaremos sempre por aí...

Até,

Cézzar.